O casal foi abandonado dentro de um carro na Avenida John Boyd Dunlop, a cem metros da Rodovia Anhanguera
14/02/2010 - 20h32 .
14/02/2010 - 20h32 .
Atualizada em 15/02/2010 - 14h13
Fábio Gallacci
Da Agência Anhangüera
Fábio Gallacci
Da Agência Anhangüera
A polícia trabalha com a hipótese de que parentes tenham envolvimento no crime contra o eletricista Cidualdo Ferreira dos Santos, de 45 anos, morto com uma facada no pescoço, e a mulher dele, Teresa Xavier dos Santos, de 35 anos, gravemente ferida também com uma faca, na madrugada de sábado (13/02) na casa da família, no Jardim Pinheiros, em Valinhos. O casal foi abandonado dentro de um carro horas depois na Avenida John Boyd Dunlop, a cem metros do pontilhão da Rodovia Anhanguera, em Campinas. O corpo de Santos estava no porta-malas. Teresa fingiu estar morta para escapar do pior. Ela está internada no Hospital Celso Pierro, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), em estado grave .
Com base na informação da mulher, que apontou um sobrinho como suposto participante da agressão, e em evidências iniciais, a polícia está à procura de dois sobrinhos de Santos e um filho adolescente do primeiro casamento do eletricista, de apenas 15 anos. Até o momento, os três são considerados suspeitos, segundo o delegado Júlio César Brugnoli, plantonista do 5º Distrito Policial (DP), onde a ocorrência foi registrada.
O sorveteiro Daniel, de 23 anos, um dos sobrinhos procurados para esclarecimentos, apareceu ontem no velório do tio, no Cemitério Nossa Senhora da Conceição, nos Amarais, alegando inocência. A família acredita que ele esteja falando a verdade. Daniel conversou com o Correio.
“Tenho ciência de que estou sendo procurado, mas quero deixar bem claro que não tenho nada a ver com isso (o crime). Vou me apresentar à polícia na próxima quarta-feira”, disse ele. “Meu tio era como um pai pra mim: era do meu sangue. Quando saí da prisão, ele foi um dos primeiros a me acolher, a me dar apoio”, lembrou Daniel, que cumpriu pena de três anos e cinco meses em São Paulo por sequestro-relâmpago e assalto.
O rapaz ainda garantiu ter trabalhado na última sexta-feira até a noite, em Santo Amaro, na Grande São Paulo, e que teria passado o sábado dormindo em casa. “Um dos meus tios me viu lá no sábado. Minha mãe ligou avisando sobre o caso e vim para cá. Cheguei em Campinas hoje (domingo) de madrugada, não tinha para onde ir e acabei dormindo na rua mesmo. Queria me despedir do meu tio e mostrar para os parentes que sou realmente inocente”, disse o sorveteiro, que ajudou a levar o caixão de Santos até a sepultura.
Ainda durante o velório, Alisson Ferreira dos Santos, de 23 anos, também filho do primeiro casamento do eletricista, afirmou que a família está perplexa com tudo o que aconteceu e que prefere não acreditar no envolvimento de parentes no crime. “Meu irmão pode ter sido ameaçado pelos autores do crime e fugido para não morrer também... Nós queremos a verdade. Não consigo acreditar que um irmão e um primo possam estar envolvidos nisso. Mas, se for real, 15 anos de prisão para os autores desse crime é pouco”, comentou o rapaz, que foi amparado várias vezes durante o enterro do pai pelo primo Daniel. “Ele (Daniel) é trabalhador, já pagou sua dívida com a Justiça e aproveitou sua nova chance na vida. Meu primo tem um ótimo convívio com todos da família”, afirmou o filho da vítima.
Sobre a presença de Daniel no sepultamento do tio, o delegado Brugnoli ressaltou que ainda não existem pedidos oficiais de busca e prisão contra os suspeitos. O que há, por enquanto, é apenas o interesse em encontrá-los para que os seus depoimentos sejam tomados e algumas dúvidas sejam esclarecidas. Em função disso, Daniel tem o direito de ir e vir totalmente preservado. O delegado ainda lembrou que, com as investigações ao longo da semana, outros fatos poderão aparecer e ampliar o leque de possibilidades sobre a autoria do crime.
Cosmo (AAN)